+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 5,17-19
17“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogá-los, mas cumpri-los. 18Porque na verdade vos digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a estes mandamentos, ainda que mínimos, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Mas quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus.
Palavra da Salvação.
A severidade com que Jesus tratou a questão da violação dos mandamentos – “mesmo dos menores” – deve ser entendida no contexto de sua pregação e de seu próprio testemunho de vida. Estaria equivocado quem tentasse entendê-la com a mentalidade dos fariseus legalistas da época. O apego deles aos mandamentos estava longe da prática de Jesus. Os fariseus apegavam-se à letra da Lei, o Messias Jesus, no entanto, ia além, buscando viver o espírito escondido nas entrelinhas dessa mesma Lei.
Jesus estava pouco interessado em minúcias, em questões irrelevantes com as quais os fariseus se debatiam. Sua preocupação centrava-se na prática do amor misericordioso, de modo especial em relação aos pobres e marginalizados; na busca constante de fidelidade ao Pai, cuja vontade era um imperativo inquestionável; na relativização das prescrições religiosas, quando estava em jogo a defesa da vida; na liberdade profética diante de tudo quanto se apresentava como empecilho para a realização do Reino. Portanto, seu horizonte era mais vasto e mais radical que o de seus adversários.
Esta é a dinâmica na qual a vida do discípulo deve se inserir, tornando-se para ele como que um mandamento inviolável. E por acreditar que este é o caminho correto de acesso a Deus, o discípulo tanto o pratica como o ensina. O legalismo farisaico é, pois, substituído pela fidelidade incondicional ao Pai.